quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Sorvete!






Vamos falar de sorvete!!!  

O verão se aproxima, e nada melhor do que um delicioso e refrescante sorvete...  Tem gente que adora ir às sorveterias self-service... Ícones da moda. Onde os sabores estão expostos, e as criaturas ávidas por novidade se esbaldam em sabores cada vez mais exóticos e fantasiosos. 

Tem sorvete de tapioca, pimenta, pinga, caipirinha, queijo parmesão...

Tudo bem... Todas essas coisas são muito boas (em seu estado original de fabricação).

Então em uma bela tarde, vou à sorveteria me deliciar com todos esses prazeres da humanidade!

Olho, olho, olho...  Quanta opção né!!!!   Já sei.  Vou escolher o de chocolate.

hahahahahahahahaha


Exatamente o sorvete de sempre. Aquela substância quase alucinógena que faz minha endorfina se multiplicar depois de uma excelente pedalada.

Dizem que pessoas que não experimentam o novo na vida são pessoas que não se arriscam...

Eu discordo em parte.

Penso que gosto está ligado a personalidade e opções de vida. É claro que devemos experimentar o novo. Mas somente quando a situação em questão não nos trás mais satisfação, felicidade, prazer...

Sair experimentado tudo quanto é coisa sem critério, desmedidamente é desespero, falta de um referencial de personalidade.

É por isso que eu continuo amando sorvete de chocolate...  Mas se um dia perder o gosto, ficar sem sentido, estarei aberta a novas emoções!!!!

E que venha o verão!


WR.

domingo, 6 de dezembro de 2015

FORAS DA LEI






Rival Roundtable - Lindsey Stirling

https://www.youtube.com/watch?v=jvipPYFebWc

Quem tem o espírito livre nunca conseguirá aprisioná-lo... 




sábado, 5 de dezembro de 2015

Louca pelo Garoto









Um presente... Louca pra ler. Garoto lindo, que sabe o que eu gosto, especial... Me ganha nos detalhes... Poderia listar ns qualidades... Dentre elas iniciativa, que é o que falta na ala masculina.
Ele acertou, sou louca por ele.

sábado, 21 de novembro de 2015

O amor como se fosse amado.




"Não te amo como se fosses a rosa de sal, topázio
Ou flechas de cravos que propagam o fogo:
Te amo como se amam certas coisas obscuras,
Secretamente, entre a sombra e a alma.
Te amo como a planta que não floresce e leva
Dentro de si, oculta, a luz daquelas flores,
E graças a teu amor vive escuro em meu corpo
O apertado aroma que ascendeu da terra.
Te amo sem saber como, nem quando, nem onde,
Te amo assim diretamente sem problemas nem orgulho:
Assim te amo porque não sei amar de outra maneira,
Senão assim deste modo que não sou nem és,
Tão perto que tua mão sobre o meu peito é minha,
Tão perto que se fecham teus olhos com meu sonho.
Antes de amar-te, amor, nada era meu:
Vacilei pelas ruas e as coisas:
Nada contava nem tinha nome:
O mundo era do ar que esperava.
E conheci salões cinzentos,
Túneis habitados pela lua,
Hangares cruéis que se dependiam,
Perguntas que insistiam na areia.
Tudo estava vazio, morto e mudo,
Caído, abandonado, decaído,
Tudo era inalianavelmente alheio,
Tudo era dos outros e de ninguém,
Até que tua beleza e tua pobreza
De dádivas encheram o outono."

A Dança, Pablo Neruda In Cem Sonetos de Amor

sábado, 7 de novembro de 2015

Cósmico Infinito



E os anos pouco a pouco mais os apartarão. Tu encontrarás uma mulher, dez mulheres, ela se pertencerá a um homem, a uma dezena. E em cada mulher buscarás um jeito de sorrir, um modo de olhar, uma maneira de te enlaçar, que são dela, tão senhora e tão cativa. E em cada homem ela procurará tuas meias frases e teus súbitos medos e teus mergulhos na paixão. E um não achará o que busca, e outro procurará em vão o que quer.




segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Desertos






Álvaro de Campos - Grandes


"Grandes são os desertos, e tudo é deserto.

Não são algumas toneladas de pedras ou tijolos ao alto

Que disfarçam o solo, o tal solo que é tudo.
Grandes são os desertos e as almas desertas e grandes
Desertas porque não passa por elas senão elas mesmas,
Grandes porque de ali se vê tudo, e tudo morreu.
Grandes são os desertos, minha alma!
Grandes são os desertos.

Não tirei bilhete para a vida,

Errei a porta do sentimento,

Não houve vontade ou ocasião que eu não perdesse.

Hoje não me resta, em vésperas de viagem,

Com a mala aberta esperando a arrumação adiada,

Sentado na cadeira em companhia com as camisas que não cabem,

Hoje não me resta (à parte o incômodo de estar assim sentado)

Senão saber isto:

Grandes são os desertos, e tudo é deserto.

Grande é a vida, e não vale a pena haver vida,

Arrumo melhor a mala com os olhos de pensar em arrumar

Que com arrumação das mãos factícias (e creio que digo bem)

Acendo o cigarro para adiar a viagem,

Para adiar todas as viagens.

Para adiar o universo inteiro.

Volta amanhã, realidade!

Basta por hoje, gentes!

Adia-te, presente absoluto!

Mais vale não ser que ser assim.

Comprem chocolates à criança a quem sucedi por erro,

E tirem a tabuleta porque amanhã é infinito.

Mas tenho que arrumar mala,

Tenho por força que arrumar a mala,

A mala.

Não posso levar as camisas na hipótese e a mala na razão.

Sim, toda a vida tenho tido que arrumar a mala.

Mas também, toda a vida, tenho ficado sentado sobre o canto das camisas empilhadas,

A ruminar, como um boi que não chegou a Ápis, destino.

Tenho que arrumar a mala de ser.

Tenho que existir a arrumar malas.

A cinza do cigarro cai sobre a camisa de cima do monte.

Olho para o lado, verifico que estou a dormir.

Sei só que tenho que arrumar a mala,

E que os desertos são grandes e tudo é deserto,

E qualquer parábola a respeito disto, mas dessa é que já me esqueci.


Ergo-me de repente todos os Césares.

Vou definitivamente arrumar a mala.

Arre, hei de arrumá-la e fechá-la;

Hei de vê-la levar de aqui,

Hei de existir independentemente dela.


Grandes são os desertos e tudo é deserto,

Salvo erro, naturalmente.

Pobre da alma humana com oásis só no deserto ao lado!


Mais vale arrumar a mala.

Fim."



Imagem: Salvador Dali. Woman with Flower Head, 1937.

sábado, 31 de outubro de 2015

Invasão de Privacidade




Em frente a minha casa um carro. Parecia uma enorme Van com a porta lateral aberta. E da janela do meu quarto pude perceber que haviam muitos homens armados... Fardados, com coletes e capacetes. A farda era camuflada. Dentro da Van havia um homem solitário que me observava, olhando fixamente para minha janela. Corri e me escondi. Mas o homem invadiu minha casa e no susto e medo daquela imagem conhecida... Eu acordei...


Te amo Freud e ao mesmo tempo te odeio, por me mostrar que a verdade está lá, naquele mundo que é meu, mas que não posso dominar e nem mudar.



O Subconsciente.




WK.



domingo, 25 de outubro de 2015

Freud não é Doce!







Sobre a Teoria Humanista de Rogers, acho linda... Doce!!!  Ele tem uma olhar para o  ser humano incondicional, buscando a congruência e aceitação do próprio Self para tornar-se Pessoa!

Mas quando leio Freud...  Há...  É como levar um soco no estômago!  Como ter a própria pele arrancada, como se fosse uma casca que está ali desde o nascimento. É como mergulhar no oceano sem cilindro de oxigênio. Não, não é nada doce. Sim, ela dói, dilacera, e vai a fundo do que há de mais cruel do ser humano. E de lá, das profundezas, tira o lado bom, que esta por vezes submerso, escondido, esmagado, oculto, esquecido...

Devaneios de uma futura Psico...


Wk.

terça-feira, 22 de setembro de 2015

Ótima!




Me Sinto Ótima
Malu Magalhães


Cansei de carregar milhões de medos
Das pessoas que me cercam e me pesam de agonia
Eu já tenho lá os meus anseios, meus receios
Que eu perco com a luz do dia
Eu tenho acordado cedo e me sinto ótima

Eu gosto do gosto da coragem
A melhor viagem é seguir a trilha que eu abri
Eu me achei no colo do meu par
A melhor parte de mim eu acabei de descobrir
E se perguntarem de mim, diga que eu estou ótima!

O que está havendo em mim
Eu já nem sei dizer
Será que a sorte foi onde eu não posso ver
Eu tenho o céu de abril
Pra desentristecer
Serei o que sobrar de mim
Sem nada a perder

domingo, 23 de agosto de 2015

Paisagem






A Arte de Ser Paisagem


Existe uma arte, que só adquirimos com o tempo.
Ser paisagem requer treinamento. Requer esforço muscular, respiratório e mental.

Porque um movimento de sobrancelha pode mudar a descrição da paisagem. E pode externar e transferir toda a intensidade do pensar.

Ser paisagem é evitar implicações sociais. Pode-se ser uma samambaia, um cactus, ou quem sabe uma planta qualquer ornamental falsa, o importante é participar sem interferir, estar sem se diferenciar. 

Nunca, jamais, seja rouxinol, que com seu lamento sonoro hipnotiza a fêmea e a trás pra junto de si.

Lamento, opinião, pensamento, ideia, todas essas coisas levam ao rechaço social. 

Bom mesmo é ser paisagem, entrar e sair, e por todos ser amado, mesmo que seja pela insignificância.

Waleska Raquel


domingo, 16 de agosto de 2015

Perfeição










A Teofania da Perfeição

Ouve, 
Oh querido amado! 
Eu sou a realidade do mundo, 
o centro da circunferência, 
Eu sou as partes e o todo. 
Eu sou o propósito estabelecido 
entre o Céu e a Terra, 
Eu criei percepção em ti 
somente com o intuito de que seja
 o objeto de Minha Percepção. 
Se então tu Me percebes, 
percebes a ti mesmo. Mas tu não podes Me perceber através de ti. É através de Meus Olhos que tu Me vês e vês a ti mesmo, Através de teus olhos tu não podes Me ver. Querido amado! 
Eu tenho te chamado tão frequentemente 
e tu não Me tens ouvido. 
Eu tenho Me mostrado a ti tão frequentemente e tu não Me tens Visto. 
Eu tenho exalado minha fragrância tão frequentemente e tu não Me tens sentido, Alimento saboroso, 
e tu não Me tens provado. 
Por que não Me podes alcançar 
através do objeto que tocas 
Ou Me respirar através de doces perfumes? Por que não Me vês? 
Por que não Me escutas? 
Por que? Por que? Por que? 
Para ti Meus encantos superam todos os outros encantos, 
E o prazer que Eu te propicio supera todos os outros prazeres. 
Para ti eu sou preferível a todas as outras boas coisas, 
Eu sou Beleza, 
Eu sou Graça.
Ama-Me, Ama a Mim somente. 
Ama a ti mesmo em Mim, 
em Mim somente. 
Une-te a Mim, 
Ninguém é mais íntimo que Eu. 
Outros te amam por seus próprios interesses, Eu te amo por ti mesmo. 
E tu, tu foges de Mim. 
Querido amado! 
Não Me podes tratar bem, 
Pois se te aproximas de Mim, 
É porque Eu me aproximei de ti. Eu sou mais próximo de ti que tu mesmo, 
Que a tua alma, que a tua respiração. 
Quem entre as criaturas 
Te trataria como Eu te trato? 
Eu tenho ciúme de ti, por ti, 
 Não quero que pertenças a mais ninguém, Nem mesmo a ti próprio. 
Sê Meu, 
sê para Mim como tu és em Mim, 
Apesar de que tu nem mesmo percebes isso. Querido amado! 
Vamos em direção à União. 
E se nós encontrarmos a estrada 
Que conduz à separação, 
Nós destruiremos a separação. 
Vamos de mãos dadas. 
Entremos na presença da Verdade. 
Que Ela seja nosso juiz E imprima Seu selo sobre nossa união 
Para sempre. 


(Ibn' Arabî)

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Offline




Escrever, escrever, escrever...   
Escrevo, ao mesmo tempo que penso, que hoje em dia só se é feliz, só se está vivo se publicarmos algo...

Este blog mesmo, existe de publicações. Apesar de não sobreviver da publicidade, estar quase no anonimato, sendo localizado via google e por alguns amigos curiosos ou que realmente gostam do conteúdo.

Mas, quero mesmo referir-me àquelas publicações da vida cotidiana íntima. Sinto que as pessoas que não publicam suas vidas nas redes sociais são fadadas a ter uma lápide em vida com os dizeres "Morreu offline".

Viver e não publicar,  é como comer e não sentir o gosto...

Se ninguém viu, se ninguém comentou, se não causou inveja, não foi digno de ser vivenciado...

Mas...  As vezes... Quando alguém foge a regra e começa a seguir por caminhos diferentes, e vai contra a multidão, sem os alardes sociais da mesma, consegue chamar mais atenção do que se estivesse tentando exaustivamente abrilhantar sua fanpage com eventos e purpurinas.

Os publicadores festivos começam a preocupar-se incansavelmente com aquela "criatura" insossa e apagada no meio de tanto brilho, que não segue a cultura padrão. 

- Como pode alguém não gostar de estar no meio de nós, de fazer o que fazemos e de comer o que comemos?

Seria essa criatura um ET? Um dinossauro da Era  neandertal ressucitado? Seria um duente comendo banana com  aveia?

Sim e Não.

Para uma mente que cultua a liberdade de expressão, você pode ser o que quiser. 

Então, que fique bem claro aqui, que o lindo do ser humano deveria ser a diversidade. A expressão da alma. Quem gosta da exposição, que seja feliz com isso. E quem não gosta que seja feliz também. O importante, é cada um ser respeitado dentro das suas escolhas de vida. 

Waleska Raquel

domingo, 9 de agosto de 2015

Gatos



Presuto - In Memorian - 09/08/2015



"Bichos polêmicos sem o querer, porque sábios, mas inquietantes, talvez por isso...nada é mais incômodo que o silencioso bastar-se dos gatos. O só pedir a quem amam. O só amar a quem os merece.
O homem quer o bicho espojado, submisso, cheio de súplica, temor, reverência, obediência. O gato não satisfaz as necessidades doentias do amor. Só as saudáveis.
Lembrei, então, de dizer, dos gatos, o que a observação de alguns anos me deu.
Quem sabe, talvez, ocorra o milagre de iluminar um coração a eles fechado?
Quem sabe, entendendo-os melhor, estabelece-se um grau de compreensão, uma possibilidade de luz e vida onde há ódio e temor? Quem sabe São Francisco de Assis não está por trás do Mago Merlin, soprando-me o artigo?
Já viu gato amestrado, de chapeuzinho ridículo, obedecendo às ordens de um pilantra que vive às custas dele? Não! Até o bondoso elefante veste saiote e dança a valsa no circo. O leal cachorro no fundo compreende as agruras do dono e faz a gentileza de ganhar a vida por ele. O leão e o tigre se amesquinham na jaula.
Gato não. Ele só aceita uma relação de independência e afeto. E como não cede ao homem, mesmo quando dele dependente, é chamado de arrogante, egoísta, safado, espertalhão ou falso.
"Falso", porque não aceita a nossa falsidade com ele e só admite afeto com troca e respeito pela individualidade. O gato não gosta de alguém porque precisa gostar para se sentir melhor. Ele gosta pelo amor que lhe é próprio, que é dele e ele o dá se quiser.
O gato devolve ao homem a exata medida da relação que dele parte. Sábio e espelho. O gato é zen. O gato é Tao. Ele conhece o segredo da não-ação que não é inação. Nada pede a quem não o quer. 
Exigente com quem ama, mas só depois de muito certificar-se. Não pede amor, mas se lhe dá, então ele exige.
Sim, o gato não pede amor. Nem depende dele. Mas, quando o sente é capaz de amar muito. Discretamente, porém sem derramar-se. O gato é um italiano educado na Inglaterra. Sente como um italiano mas se comporta como um lorde inglês.
Quem não se relaciona bem com o próprio inconsciente não transa o gato. Ele aparece, então, como ameaça, porque representa essa relação precária do homem com o (próprio) mistério. O gato não se relaciona com a aparência do homem. Ele vê além, por dentro e pelo avesso. Relaciona-se com a essência.
Se o gesto de carinho é medroso ou substitui inaceitáveis (mas existentes) impulsos secretos de agressão, o gato sabe. E se defende do afago. A relação dele é com o que está oculto, guardado e nem nós queremos, sabemos ou podemos ver. Por isso, quando surge nele um ato de entrega, de subida no colo ou manifestação de afeto, é algo muito verdadeiro, que não pode ser desdenhado. É um gesto de confiança que honra quem o recebe, pois significa um julgamento.
O homem não sabe ver o gato, mas o gato sabe ver o homem. Se há desarmonia real ou latente, o gato sente. Se há solidão, ele sabe e atenua como pode (ele que enfrenta a própria solidão de maneira muito mais valente que nós). Se há pessoas agressivas em torno ou carregadas de maus fluidos, ele se afasta.
Nada diz, não reclama. Afasta-se. Quem não o sabe "ler" pensa que "ele não está ali. Presente ou ausente, ele ensina e manifesta algo. Perto ou longe, olhando ou fingindo não ver, ele está comunicando códigos que nem sempre (ou quase nunca) sabemos traduzir.
O gato vê mais e vê dentro e além de nós. Relaciona-se com fluidos, auras, fantasmas amigos e opressores. O gato é médium, bruxo, alquimista e parapsicólogo. É uma chance de meditação permanente a nosso lado, a ensinar paciência, atenção, silêncio e mistério. O gato é um monge portátil à disposição de quem o saiba perceber.
Monge, sim, refinado, silencioso, meditativo e sábio monge, a nos devolver as perguntas medrosas esperando que encontremos o caminho na sua busca, em vez de o querer preparado, já conhecido e trilhado. O gato sempre responde com uma nova questão, remetendo-nos à pesquisa permanente do real, à busca incessante, à certeza de que cada segundo contém a possibilidade de criatividade e de novas inter-relações, infinitas, entre as coisas.
O gato é uma lição diária de afeto verdadeiro e fiel. Suas manifestações são íntimas e profundas. Exigem recolhimento, entrega, atenção. Desatentos não agradam os gatos. Bulhosos os irritam. Tudo o que precise de promoção ou explicação, quer afirmação. Vive do verdadeiro e não se ilude com aparências. Ninguém em toda natureza aprendeu a bastar-se (até na higiene) a si mesmo como o gato!
Lição de sono e de musculação, o gato nos ensina todas as posições de respiração ioga. Ensina a dormir com entrega total e diluição recuperante no Cosmos. Ensina a espreguiçar-se com a massagem mais completa em todos em todos os músculos, preparando-os para a ação imediata. Se os preparadores físicos aprendessem o aquecimento do gato, os jogadores reservas não levariam tanto tempo ( quase 15 minutos) se aquecendo para entrar em campo.
O gato sai do sono para o máximo de ação, tensão e elasticidade num segundo. Conhece o desempenho preciso e milimétrico de cada parte do seu corpo, a qual ama e preserva como a um templo.
Lição de saúde sexual e sensualidade. Lição de envolvimento amoroso com dedicação integral de vários dias. Lição de organização familiar e de definição de espaço próprio e território pessoal. Lição de anatomia, equilíbrio, desempenho muscular. Lição de salto. Lição de silêncio.Lição de descanso.  Lição de introversão. Lição de contato com o mistério, com o escuro, com a sombra. Lição de religiosidade sem ícones.
Lição de alimentação e requinte. Lição de bom gosto e senso de oportunidade.  Lição de vida, enfim, a mais completa, diária, silenciosa, educada, sem cobranças, sem veemências, sem exigências.
O gato é uma chance de interiorização e sabedoria posta pelo mistério à disposição do homem."

Arthur de Távula

A Vida Como Ela É


Para Minha Pequena:






sábado, 8 de agosto de 2015

O Gorila




O Gorila


Você já conversou com um gorila?
Já perguntou o que ele sente, o que ele quer?
Não.
Ninguém fala com ele.
Pois ele está preso.
E não tem como sair do Zoológico.
Pode até sair da jaula...


O Gorila é um Ser Humano enjaulado.
Preso as imposições sociais escolhidas por ele.
A jaula não tem chave.
Também não está trancada.
Mas é a jaula  o mundo do Gorila.
Na jaula tem comida em horários certos, tem abrigo, tem certezas...
Fora da jaula há uma mundo desconhecido. 
Há um Zoológico com muitos bichos e uma vastidão de incertezas.
O enorme portal está lá.
Sim, ele pode sair. 
Mas o Gorila hipnotizado pela ração do dia, prefere ficar...
O que há lá fora? 
Quem sabe amanhã.
O dia amanhece chovendo, e como o Gorila tem uma toca, fica em seu abrigo da jaula, 
mais um dia.
Semana que vem, quem sabe.
Quando chega a noite, 
e a lua banha  o pequeno espaço,
o Gorila ativa a memória infantil perdida em um campo banhado pelo mesmo luar.
Mas, continua ali...
Olhando aquela lua.
E dentro de sí, uma guerra entre o ser e o querer.
Guerra que corrói a alma.
E assim os dias vão passando...
Até que aos 80 anos, o Gorila possa descansar em paz.


Waleska Raquel

terça-feira, 4 de agosto de 2015

Cristo






A Cristo Crucificado

tradução de Manuel Bandeira


Não me move, meu Deus, para querer-te
O céu que me hás um dia prometido;
E nem me move o inferno tão temido
Para deixar por isso de ofender-te.

Tu me moves, Senhor, move-me o ver-te
Cravado nessa cruz e escarnecido
Move-me no teu corpo tão ferido
Ver o suor de agonia que ele verte.

Moves-me ao teu amor de tal maneira,
Que a não haver o céu ainda te amara,
E a não haver o inferno te temera.

Nada me tens que dar porque te queira;
Que se o que ouso esperar não esperara,
O mesmo que te quero te quisera.



Santa Tereza de Ávila 

sábado, 1 de agosto de 2015

Feitiço



Uma página perdida, em um livro perdido, em uma estante perdida, numa cidade em Goias...





Espelho Meu

Fernando di Primio

quarta-feira, 29 de julho de 2015

Coração






houve rumores
de que eu não tinha um coração

é verdade.

meu coração dividiu em 10x

uma passagem em promoção
nesse exato momento está molhando os pés no mar
e colocando as fotos
nas redes sociais 

meu coração foi servido em um jantar
na semana passada.
 um dos convidados não comeu
porque era vegetariano.
os restos foram dados ao cachorro da vizinhança
que manca de uma das patinhas
e atende pelo nome de pingo

meu coração está bêbado em um bar no centro
tomando o penúltimo conhaque
enquanto o garçom começa a limpar as mesas
e empilhar as cadeiras
para poder voltar mais cedo
para a nova namorada

meu coração está nos bolsos do poeta
que se jogou do vigésimo quinto andar
por uma mulher que não sou eu

meu coração está de licença
tirou um ano sabático
foi surfar na flórida
pedalar na dinamarca
esquiar na patagônia
saiu para comprar cigarros

meu coração foi para o silicon valley
ganhar seu primeiro milhão
e acabou leiloado no ebay
por uns pares de centavos

então, como vês, é verdade:
meu coração foi demitido por justa causa
em razão de sua inegável
inabilidade

Jeanne Callegari

terça-feira, 28 de julho de 2015

Livre





Dia de mudança!!!!  Porque a vida não espera. Em 13/01/2005 nasceu este blog. Em outro formato, na época no Spaces do hotmail.  Existiu por lá até 21/03/2008, época em que o Space foi desativado e as postagens foram transferidas para este endereço: waleskapink.wordpress.com.
Mas, como tudo deve ser melhorado, em 07/03/2011, tivemos uma nova mudança, e estamos aqui desde então. Escrevendo... Postando... Delirando...  É tão bom ler as postagens antigas!!!  É uma viagem no tempo. São memórias guardadas aqui, de vida, de épocas, boas, ruins, esperanças, alegrias, tristezas, amores, conquistas. Das maiores as menores. E é por isso, que hoje, venho aqui para fazer uma pequena grande mudança. O nome do Blog mudará parcialmente. O "A VIDA NÃO ESPERA, E O IMPORTANTE É O QUE TE FAZ SORRIR", passará a ser de hoje em diante "A VIDA NÃO ESPERA, E O IMPORTANTE É O QUE TE FAZ LIVRE".

Claro, isso merece uma explicação. Sorrir é bom. Maravilhoso!!!!  Mas o que seria do riso sem a dor? O importante não é somente o que nos faz sorrir. Por isso, como me permito mudar, e o crescimento faz parte do ser humano, acredito que a dor, os dias não tão felizes também são importantes. Nos fazem crescer, nos fazem olhar a vida de outra forma, enxergar outras oportunidades, seguir outros caminhos, olhar também pra dentro de nós. Quanto a ser livre, é o fato de deixar as amarras sociais e se permitir. Se permitir ser humano. Alguém que dói, que sente, que sangra, que chora, mas também que ama, que pulsa, que erra, que não é perfeito em nenhum momento. Que está em constante transformação, indo cada vez mais ao encontro do seu eu, e da sua paz interior.


Waleska Raquel

quinta-feira, 23 de julho de 2015

O Livro




É bom quando nossa consciência sofre grandes ferimentos, pois isso a torna mais sensível a cada estímulo. Penso que devemos ler apenas livros que nos ferem, que nos afligem. Se o livro que estamos lendo não nos desperta como um soco no crânio, por que perder tempo lendo-o? Para que ele nos torne felizes, como você diz? Oh Deus, nós seríamos felizes do mesmo modo se esses livros não existissem. Livros que nos fazem felizes poderíamos escrever nós mesmos num piscar de olhos. Precisamos de livros que nos atinjam como a mais dolorosa desventura, que nos assolem profundamente – como a morte de alguém que amávamos mais do que a nós mesmos –, que nos façam sentir que fomos banidos para o ermo, para longe de qualquer presença humana – como um suicídio. Um livro deve ser um machado para o mar congelado que há dentro de nós.


Franz Kafka

terça-feira, 21 de julho de 2015

Luto





Parece, minha senhora? Não: é! Não sei "parecer"! Não é somente meu negro manto, bondosa mãe, nem  meus costumeiros trajes de luto, nem os vaporosos suspiros de um peito ofegante, não, nem o caudal transbordante dos olhos, nem a expressão abatida do semblante, junto com todas as formas, modos e exteriores de dor, que podem indicar meu estado de ânimo! Realmente, tudo isto é aparência, pois são ações que podem ser representadas pelo homem; porém, o que dentro de mim sinto, supera todas as exterioridades que nada são do que os atavios e as galas da dor!


Hamlet - William Shakespeare

domingo, 19 de julho de 2015

Wando e as Calcinhas






Quando Wando entrou no banheiro de Lúcia para tomar o banho, antes da sua viagem, olhou aquele cesto repleto de calcinhas...  Sentou-se ao vaso e na curiosidade e ansiedade da despedida pegou a primeira. Tão pequena!!! O tecido macio parecia que quem a vestia sentia-se como não estivesse vestindo nada...  Num ato quase inconsciente levou o pequeno pedaço de pano ao nariz, e numa longa tragada sentiu o aroma que o conduziu por onde sua usuária outrora teria andado. Aquela primeira, tinha o cheiro de academia, com o suor característico do esforço físico. A segunda, tinha se aventurado no supermercado, impregnada com cheiros de frutas, pães e pão de queijo. A terceira tinha cheiro de material elétrico... Mas vejam só!!! Material elétrico????  Onde essa mulher havia andado????  Aposto que o chuveiro havia queimado!!!! E assim se foi,  papelaria, hospital, ração de animais, sorvete, chocolate, chocolate, chocolate, ... Acho que devia estar na TPM!!! E foi cheirando, até chegar ao fim de todas e se sentir estasiado. Por fim, guardou no bolso uma pequena escolhida entre as tantas, e sorrateiramente, guardou na mala. Foi-se. Ficou Lúcia, e suas calcinhas. Sem sentir nenhuma falta daquela surrupiada. Só quando Wando chegou em sua casa, e para matar a saudade já gritante de Lúcia, pegou a calcinha e cheirou...  Aproveitou e tirou uma fotografia, que enviou a Lúcia por email com cara de quem pegou emprestado.


Autor desconhecido.

quarta-feira, 15 de julho de 2015

Excessos




Estou transbordando...

Há excessos em mim.

Eu transbordo em um amor de ida.

Há mulher demais em mim.

Eu transbordo na mãe desmedida.

Há uma filha escondida no ringue.

Transbordando e marcando a vida.

Com a cor escalarte que pulsa.

Que somente uma gota é capaz

De tingir a vida e a morte.


domingo, 5 de julho de 2015

Canção de amor







Canção de Amor

Como hei-de segurar a minha alma
para que não toque na tua? 
Como hei-de elevá-la acima de ti, 
até outras coisas?
Ah, como gostaria de levá-la
até um sítio perdido na escuridão
até um lugar estranho e silencioso
que não se agita, quando o teu coração treme.
Pois o que nos toca, a ti e a mim,
isso nos une, como um arco de violino
que de duas cordas solta uma só nota.
A que instrumento estamos atados?
E que violinista nos tem em suas mãos?
Oh, doce canção.



Rainer Maria Rilke