terça-feira, 15 de outubro de 2013

Menina




Um dia conheci uma menina - não, não, deixe-me começar novamente -. Um dia, quase conheci uma mulher - sim, uma mulher e nós nunca nos conhecemos verdadeiramente, sabe? Cara a cara? – A experiência da vida a tornou uma mulher, mas seu coração ainda é inocente, como o de uma criança.

É impossível não se apaixonar por ela. Você poderia até tentar, mas duvido que consiga não deixar se contagiar pela essência de vida que transpõe a muralha construída à sua volta. Eu gosto de vê-la sorrir, e enxergar com os olhos da minha imaginação a luz que nasce dentro dela. Talvez não seja apenas luz: são cores, cheiros e sensações. Uma explosão de sentimentos confusos, mas, ainda assim, agradáveis. Mais sensações do que algum ser possa catalogar.

 Ela me disse que é sensível e chora, às vezes. Isso é tão bobo - digo, se preocupar com algo que a torna mais bela -. Acho que ela desconhece o poder e a beleza que tem dentro de si, capaz de cruzar e sobreviver não só a distancia, mas ao tempo. Talvez sua beleza interior seja ofuscada, a primeira vista, pela exterior, tal como um  lindo presente, dentro da mais bela embalagem.  Mas o que ela tem de mais bonito, é o coração.
 
Sinto pena daqueles que não veem isso, mesmo quando estão tão perto. São idiotas, só pode. Certa vez escrevi que prefiro o amor platônico, por ser ideal e perfeito. Quando esta frase tomou conta dos meus pensamentos, eu sabia que era apenas uma semente esperando o momento e o terreno certo para germinar. Eu não sabia quando ou por quem ela brotaria, mas agora eu sei.

Perfeito e ideal. Não é assim todo amor?  Eu digo que não, pois o amor platônico é unilateral. Ama-se a projeção da pessoa e o que ela representa. É um caminho de via única. Quer ver? Sabe aquela menina de que falava antes? Sim, sim, aquela “mulher” e não menina, eu sei. Eu não a conheço, mas sei que os homens confundem seu charme natural e se iludem pensando que ela se atrai facilmente. Ela é incompreendida por eles e prefere os animais – sim, ela ama os animais, e isso só a torna ainda mais linda. Não a culpo por julgá-los, são todos tolos e infantis. E não sou exceção, mas como ser indiferente diante de algo tão raro e e belo quanto um raio de sol? Exato. Não se pode!

Não são apenas os homens, todos parecem não enxergar - ou ignorar - seu potencial, seu esplendor e ela já não se importa com os outros. Melhor, finge não se importar, pois ainda sente, lá no fundo do seu peito, aquela pontinha de desapontamento por não a verem como merece. Isso não lhe causa dor, é como uma pequena farpa que lhe causa o mais leve desconforto e precisa ser retirada, não mais que isso.Mas está lá, o tempo todo.

Aquela gota de tristeza que seu semblante deixa escapar, que fica ali, despercebida, imersa na confusão de tantas sensações agradáveis que ela exala, parece uma cereja - o retoque de sua perfeição. A lágrima escondida de uma dor que ela guarda pra si - e somente pra si - para reviver, eternamente, esses momentos passados, na solidão do seu quarto. 
 
 
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