Caravelas
Cheguei a meio da vida já cansada
De tanto caminhar!
Já me perdi!
Dum estranho país que nunca vi
Sou nesse mundo imenso a exilada.
Tanto tenho aprendido e não sei nada.
E as torres de marfim que construí.
Em trágica loucura as destruí.
Por minhas próprias mãos de malfadada!
Se eu sempre fui assim este Mar Morto:
Mar sem marés, sem vagas e sem porto.
Onde velas de sonhos se rasgaram!
Caravelas doiradas a bailar...
Ai quem me dera as que eu deitei ao Mar!
As que eu lancei à vida, e não voltaram!...
Florbela Espanca
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